sábado, 17 de janeiro de 2009

O bolo que escangalhou as relações entre a “Paula” e a “Nobreza”

Quando, em 1995, Francisca Euzébia Araújo, conhecida como a “Paula”, registou a patente do bolo-rei-escangalhado no Instituto de Propriedade Industrial estava longe de imaginar que, alguns anos volvidos, o doce, um dos principais produtos da marca, viria a originar um processo com outra pastelaria de Braga, a “Nobreza”.

Tudo teve origem em 2005 quando a pastelaria “Nobreza” contratou um pasteleiro que terá aprendido a fazer o bolo na Confeitaria Paula. Na altura, “Paula” disse à Lusa, citada pela RTP, que mostrou muitas vezes ao pasteleiro o título comprovativo do registo, avisando-o de que não poderia fazer igual. O pasteleiro e a pastelaria foram acusados do crime de contrafacção do bolo. O processo arrastou-se nos tribunais e a “Nobreza” foi advertida para não fabricar mais o bolo-rei, enquanto estiver registado como propriedade da Confeitaria Paula.

Na época natalícia é quase imprescindível ter o bolo-rei à mesa. Num ambiente de paz, alegria, harmonia e concórdia, desfruta-se de um dos produtos característicos da região minhota. O facto de o bolo-rei também ter originado um processo nesta mesma quadra não suscita grandes comentários por parte de "Paula". Até porque considera que “o Natal é quando o homem quer”. Vai mais longe dizendo: “O Natal, para mim, não tem um significado de fingimento como as pessoas fazem”.

“Eu considero o bolo-rei-escangalhado um filho meu”

“Paula” trabalha há 28 anos como técnica de pastelaria. Diz não ter férias, nem um Natal e uma passagem de ano igual à de todos, porque pretende fazer os outros “felizes”. Por isso adianta que vai defender o doce até às últimas consequências por causa da “democracia” e do “respeito pelas pessoas”. “Eu considero o bolo-rei-escangalhado um filho meu e quando eu pari um filho, quero esse filho para mim”, diz.

Um filho que “Paula” quer defender, não por egoísmo, mas por causa do “trabalho, do marketing e das muitas noites sem dormir” para que o bolo fosse o que é hoje. “As outras pastelarias devem também criar e não copiar o bolo”, aconselha. No entanto, “Paula” é a favor da produção do bolo-rei em troca de compensações por ter sido ela a criar e a patentear o doce. Veja o vídeo:


No meio da conversa, urge, então, uma pergunta sobre a qual os bracarenses pouco ou nada sabem: Porquê o nome “escangalhado”? A resposta de “Paula” sai pronta: “A primeira vez que fiz o escangalhado saiu todo mal, todo escangalhado do forno, e daí o nome "escangalhado"”.
Confira no áudio a seguir:


Como um pai ou uma mãe que sabem de todas as caraterísticas do filho, Francisca Araújo não hesita em dar as principais dicas e sugestões de como tirar o máximo proveito do escangalhado. Sendo um bolo para “gulosos”, a técnica fala da grande quantidade de protudos utilizados na sua confessão e do sabor alcançado. Diz que o bolo é para quem gostar mesmo.
Confira no áudio a seguir:


São muitos os ingredientes utilizados na confecção do bolo-rei. Também é muito o tempo gasto para que um bolo esteja pronto. "Paula" realça a qualidade do doce e a importância que ganhou na mesa dos portugueses. Gentilmente se disponibilizou para nos dar as principais informações do bolo. Ingredientes, confecção, preço, validade e muito mais para acompanhar no slideshare seguinte: